fiquei na janela,

sentada com as pernas balançando para o lado de fora,durante o resto da noite. pequeno resto de noite. fiquei vendo a escuridão ser atingida por raios de luz do sol, sem entender os últimos acontecimentos na minha vida. toda essa confusão,era na minha mente,milhares de fios enrolados,cheios de nós. cheios de nós. e eu,não sabia a função de cada um deles. não sabia ligar nada, tudo tão contraditório. eu insisti demais, mexi demais nisso. levei alguns choques, alguns bem fortes, e vi tudo só piorar. só enrolar mais. só apertar mais dentro de mim. [apertar a garganta,o peito,os pulmões..] meus pulmões ainda doíam muito,e a cabeça latejava. por vezes vacilei, e lutei até ficar firme. não por mim. eu não faço mais nada por mim. eu não morri essa noite, porque a minha morte é a pior,é a mais dolorida, a mais lenta. e eu aceito assim,eu suporto, aguento o que for para fazer quem eu amo feliz. abro mão de mim, eu já disse. já sou acostumada a não ficar com a felicidade. embora eu a conheça,o contato que tive com ela foi muito pouco, então, eu a deixaria com alguém que a manteria melhor do que eu. deixaria minha vida também, deixaria tudo. não falo coisas da boca para fora, o que eu falo é da minha alma para fora, do meu coração para fora. há poucos verbos da minha parte, pois eu sou tão sentimentos e palavras,que os verbos eu deixo para depois, para fazer bem feito e não contradizer. eu tenho vários verbos guardados nas gavetas do coração. mas eu não os uso por mim. eu nunca uso meus verbos por mim. se as minhas palavras e meus sentimentos não são por mim, porque os verbos seriam?

o sol acordou agora e mandou a noite descansar,
triste, por mais uma despedida.